A falsa ideia de que os vapes são menos nocivos que o cigarro tradicional impulsiona seu consumo entre jovens, aumentando os riscos à saúde, analisa coordenadora do curso de Enfermagem
Com a tecnologia avançando até mesmo no tabagismo, especialistas veem crescer uma nova epidemia entre os jovens, reforçando a necessidade urgente de políticas de prevenção diante dos riscos reais e graves à saúde. Para exemplificar a seriedade do tema, de acordo com dados divulgados pelo Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), estima-se que cerca de 32 mil novos casos relacionados ao câncer de pulmão são registrados por ano no Brasil. Destes, aproximadamente 20.600 em homens e 11.300 em mulheres. O tabagismo continua sendo o principal fator de risco. Vale destacar que o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, no mundo.
O alerta se torna ainda mais importante com uma ameaça do século XXI: os cigarros eletrônicos - vapes. Pesquisas indicam que jovens usuários de vapes correm alto risco de câncer e enfisema pulmonar antes dos 30 anos. Preocupado com o avanço desenfreado do uso desses dispositivos, o Governo Federal chegou a determinar a remoção de anúncios desses produtos das redes sociais.
A falsa ideia de que os vapes são menos nocivos do que o cigarro tradicional, aliada ao fácil acesso a esse tipo de produto, reforça o tamanho do problema a ser enfrentado pelos órgãos e associações de saúde.
Imagem FreePik
Popularidade e riscos dos Cigarros eletrônicos
De acordo com a coordenadora do Curso de Graduação de Enfermagem e da Escola de Saúde do UniBrasil, Dra. Angelita Visentin Gregorczuk, os cigarros eletrônicos ganharam popularidade entre os jovens, devido aos seus designs tecnológicos atraentes e à disponibilidade de uma variedade de sabores, além da própria ideia do menor potencial de nocividade. “A popularidade nesse público e a aceitação social nas subculturas juvenis intensificam sua disseminação. Esta tendência é preocupante, considerando o impacto profundo da nicotina na neuroplasticidade cerebral durante a adolescência”, explica.
Angelita destaca quais são os danos mais decorrentes do uso contínuo dos vapes. “A nicotina, frequentemente encontrada nesses dispositivos, é uma substância altamente viciante que pode comprometer o desenvolvimento neurológico, especialmente em adolescentes. Pesquisas identificaram compostos tóxicos e carcinogênicos no vapor dos vapes, como formaldeído e acroleína, que estão associados a doenças respiratórias e cardiovasculares, além do potencial para causar lesões pulmonares agudas e crônicas”.
Por se tratar de um fenômeno relativamente novo, dados emergentes indicam um aumento nos atendimentos de saúde relacionados ao uso de vapes, especialmente em emergências relacionadas a complicações pulmonares e casos de exposição à nicotina. Além disso, “estes dispositivos têm sido associados à EVALI (lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vape)”, de acordo com a coordenadora.
Sobre o que deve ser feito para frear o uso dos vapes e dispositivos eletrônicos derivados, Angelita é categórica. “É imperativo reforçar a necessidade de políticas públicas eficazes e intervenções educacionais contínuas para mitigar o uso de produtos de tabaco entre jovens e adultos. Fomentar pesquisas científicas para melhor entendimento e regulamentação dos vapes é essencial para proteger a saúde das futuras gerações”, pondera.
UniBrasil na linha de frente contra o tabagismo eletrônico
O Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil – está engajado no combate ao uso dos cigarros eletrônicos, bem como lança uma luz aos principais riscos associados ao uso frequente desses dispositivos, que incluem lesões pulmonares graves, doenças cardiovasculares, dependência da nicotina e inflamações nas vias aéreas.
A instituição reforça que é necessário ampliar o debate sobre a regulação dos cigarros eletrônicos no Brasil. “É importante que a imprensa ajude a desmistificar a ideia de que o vape é inofensivo. O que vemos hoje é uma nova geração exposta a um risco de dependência e doenças, que pode comprometer décadas de avanços no combate ao tabagismo tradicional”, conclui a coordenadora da Escola de Saúde.
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