Luciano Szafir,
nasceu em São Paulo, é Ator, Apresentador e ex-modelo. Szafir trabalhou na
televisão, em Anjo Mau, Labirinto, Malhação, Uga Uga, Aquarela do Brasil, O
Clone, Os Dez Mandamentos, dentre inúmeros outros. O ator é filho dos empresários
Beth Szafir e Gabriel Szafir, descendentes da linhagem dos judeus
asquenazes provenientes da Polônia.
O ator revela como superou a Covid, discorre
um pouco dos momentos que vivenciou entre a vida e a morte e, fala dentre
outras coisas, sobre os seus projetos para o futuro.
Como
foi e quanto tempo durou o seu processo de recuperação após contrair a Covid?
R: Não, o processo de recuperação do
Covid foi muito mais longo do que eu esperava, né? Porque eu passei por uma
série de coisas, eu posso falar que faz dois anos e meio já praticamente que eu
estou me cuidando em hospitais e em outras coisas por questões do Covid, por
sequelas do Covid.
Como você avalia o sentido da vida após todos
esses desafios?
R: Eu sempre cuidei muito, eu sempre pensei com muito carinho o que importa e o que não importa. Eu sempre tive princípios nessas minhas decisões, mas, literalmente, quando você está no hospital, muito mal, sabendo que pode ser que você não passe o dia seguinte, você realmente passa a dar valor para as pequenas coisas que você está impossibilitado. Sabe, que não são pequenas coisas, são coisas gigantes, que é você poder dar um beijo à sua mulher, agarrar teus filhos, tomar um copo d 'água, que eu não estava me alimentando, não estava podendo beber água durante mais de 40 dias, poder comer um sanduíche, poder caminhar, isso eu ainda fiquei um bom tempo em cadeira de rodas, poder caminhar, poder tomar um banho sozinho, sem ajuda de ninguém, esse tipo de coisa. Então, a gente aprende que a gente é muito frágil, então, eu acho que hoje é não deixar nada para o dia seguinte. É que a gente não sabe como é que é o dia seguinte.
Em algum momento você pensou que poderia não
sobreviver? Teve medo?
R: Sim, pelo menos em três momentos. Durante
esses meses, esses momentos no hospital, no hospital tiveram três momentos que
eu achei que realmente eu podia ir embora e não ia... E a palavra não foi, não
era medo, é pânico. Pânico, porque a gente nunca está pronto, né? Nem..., mas
nem de perto a gente tá pronto pra ir embora. A gente tem muita gente que a
gente ama e a gente mesmo, né? Eu queria fazer muitas coisas ainda. Então não.
É horrível.
Qual
a importância que teve a presença da sua família e amigos na sua recuperação?
R: Amigos e família foram de grande importância,
de suma relevância na minha recuperação e na minha luta pela vida lá dentro,
principalmente a família, né? Eu pensava nas pessoas que eu amo, quando é um
dos momentos mais difíceis, quando eu queria desistir, e falava, não, desistir
não é uma opção. Eu pensava neles, e essa era a minha, meu pensamento, não é
uma opção.
Você continua fazendo algum tratamento? Como
foi para você ter que usar a bolsa de colostomia?
R: Tratamento não, mas deixa muitas sequelas,
né? Eu tive uma artrose acelerada que foi por causa do Covid, por tanto
corticoide que eu tomei. Então eu faço fisioterapia lá no Univaldo Baldo, uma
piscina maravilhosa de 41 graus, e depois eu saio dessa nada dentro dela, e
depois eu saio por uma piscina de água gelada que ele tem lá também. Fora isso,
outras fisioterapias, fora isso, ainda de vez em quando faço exercício
respiratório, porque fiquei 85% do pulmão tomado, e devido às cirurgias que eu
tive que botar duas próteses no quadril, então ainda tomo anticoagulante,
enfim, tem que estar cuidando o tempo todo.
- Quanto à bolsa de colostomia eu acho que eu
levei numa super boa, olhando pra trás hoje eu vejo quão difícil foi, porque
não é fácil, você tem a história da dor, você tem a história da saúde, você tem
a história da vaidade, você tem uma série de coisas aí, você tem algumas lutas
aí pela frente, então, mas foi muito bom, foi maravilhoso a bolsa de colostomia
porque eu entendi e acho que eu pude ter voz aí pra isso, acho que muita gente
que tem bolsa de colostomia se sente muito mal e acho que eu pude ajudar, se eu
pudesse ajudar uma pessoa só já valia a pena.
Como
estão os teus trabalhos como ator e em outros segmentos?
R: Eu sou supersticioso, não gosto de começar a
falar antes de acontecer, mas tem peça de teatro, eu tenho duas, ou três, filme
tem dois, está sendo retirada uma possibilidade de televisão como apresentador
e como ator, em dois lugares diferentes, mas vamos esperar, estou focando na
saúde agora, o que vier vai ser bem-vindo.
- Também
estou criando um instituto para fomentar a leitura no nosso país. Tenho
trabalhado bastante com educação, durante a pandemia e após a pandemia, então
agora é que eu vou voltar a atuar, mas isso aí, eu descobri um prazer incrível
de trabalhar com educação, sempre li muito, sempre gostei muito de leitura. E o
Brasil está muito defasado. Hoje em dia, o brasileiro lê uma média de 2 ,5
livros por ano, enquanto na França são 20, só para vocês terem uma noção da
diferença.
Qual ou quais as lições que ficam depois de
todas essas experiências?
R: Ah, depois de toda essa experiência, eles são
que fica principalmente uma só, entendeu? Ame, ame, mas ame muito, não deixe
para amanhã nada, sabe? Você não sabe o dia de amanhã, simplesmente se levanta,
mesmo quando você não está com vontade de fazer, levanta-se e faz, porque
amanhã você pode não fazer, você faz assim, nossa, quando eu estava, quando eu
podia, quando eu tinha possibilidade física e mental para fazer, eu não fiz
porque estava com preguiça ou por alguma outra razão. Como eu queria voltar ao
tempo, eu pensei muito isso no hospital, quando eu não conseguia andar, quando
eu não conseguia falar, quando eu não conseguia fazer nada, eu falei quando eu
voltar vai ser diferente e realmente está sendo.
Qual
o seu site ou redes sociais nas quais as pessoas podem te acompanhar?
https://www.instagram.com/szafiroficial/
https://www.ljsdistribuidor.com.br/
Quais
as suas considerações finais?
R: Consideração final. Na hora que você for
embora, você não leva nada. Você não leva carro, não leva apartamento, não leva
casa. Daqui a alguns anos vai ter gente morando na sua casa. Daqui a 50 anos
vai ter gente morando na sua casa. Provavelmente não vão lembrar quem você é ou
foi. Então desapega. Desapega, realmente. Se apega a coisas do coração. A sua
família, seus amores, seus amigos. Sabe? É isso que vale a pena. O resto é
resto.
Foto:
reprodução da internet
Postar um comentário