Movimento negro do DF articula ato unificado para o Dia da Consciência Negra com foco em reparação e bem viver

 

Representantes de mais de 15 coletivos e organizações do movimento negro do Distrito Federal se reuniram na noite da última quarta-feira (15) para iniciar a construção coletiva do Ato Unificado do 20 de novembro – DF, que neste ano terá como lema “Reparação e Bem Viver”. O evento está previsto para ocorrer na Casa da Democracia, no Setor Comercial Sul, com uma feijoada e roda de samba aberta ao público, além de apresentações culturais, feira afro e falas políticas.

A proposta da mobilização é fortalecer o Dia Nacional da Consciência Negra como um momento de celebração e luta, reafirmando o protagonismo do povo negro na construção das narrativas sobre a data. A atividade irá compor um calendário de ações que reunirá atividades descentralizadas em todo o Distrito Federal, incluindo uma sessão solene na Câmara Legislativa do DF. 

A atividade é de iniciativa do Movimento Negro Unificado (MNU) que nesse ano celebra 45 anos de existência no Distrito Federal. A reunião de planejamento, realizada de forma virtual, foi mediada por integrantes do MNU e contou com a presença de entidades como o Movimento Negro Unificado (MNU), Uneafro, Clube Social Negro de Brasília (CSNB), Nosso Coletivo Negro, Juventude Renafro, Movimento Negro Evangélico, Frente de Mulheres Negras, Casa Akotirene, Pretos e Pretas em Relgov, Candaces, março por Marielle, entre outras. 

 “O 20 de Novembro é mais do que uma data simbólica,é uma afirmação política. Precisamos ocupar as ruas e protagonizar nossa própria luta, com cultura e consciência política. Por reparação e bem viver! No dia 20 de novembro, iremos unificar nossa luta, e no dia 25, marcharemos com todas as mulheres negras.”, afirmou Brenna Vilanova, que compõe a coordenação do MNU/DF 

Participação popular e da juventude negra 

Durante o encontro, participantes destacaram a importância de que o ato do 20 de novembro vá além da celebração simbólica e se consolide como um espaço de articulação política e cobrança por direitos. A presença da juventude negra, especialmente estudantes de escolas públicas, cursinhos populares e moradores das periferias, foi apontada como prioridade.

 “É imprescindível a mobilização da juventude negra e periférica. Somos nós os mais afetados pelo sistema neoliberal, que ataca nossas vidas de forma específica e tenta minar nossas potencialidades por meio do desmonte da educação pública de qualidade, empurrando-nos para empregos precarizados, como aqueles enquadrados na uberização. A necropolítica segue tentando capturar nossas juventudes, afogando-as em águas onde a morte não é apenas material, mas também subjetiva. Ocupar espaços que celebram a resistência estampada nas vidas de Zumbi e Dandara nos conecta à força da ancestralidade, uma energia que nos impulsiona a lutar pela dignidade e pela vida plena da juventude negra. São momentos de empoderamento e renovação!” - Coordenador Distrital do Projeto Jovens Defensores Populares, Gabriel Sales. 

Um dos encaminhamentos da reunião foi a elaboração de um Manifesto Político Coletivo, que deverá abordar temas como a PEC 27 da Reparação Histórica, o enfrentamento ao racismo institucional e a representação de mulheres negras no Supremo Tribunal Federal. O texto será redigido por um grupo de trabalho. 

Já o presidente do Clube Social Negro de Brasília, Heitor Perpétuo, destacou o papel estratégico da entidade e a importância da comunidade negra local no fortalecimento das pautas raciais. 

“Um dos objetivos do Clube Social Negro de Brasília é reunir a comunidade negra do Distrito Federal em torno do bem-viver e da equidade racial. Nós, negras e negros da capital federal, estamos em uma centralidade política, ocupamos espaços de influência e decisão e somos agentes de transformação social. Por isso, podemos e devemos criar novas pontes e também relembrar as que foram construídas lá atrás pelo movimento negro, e que hoje seguimos atravessando”, afirmou Perpétuo. 

Organização coletiva 

Outros grupos de trabalho foram definidos para garantir a mobilização, a comunicação e a logística do evento. O Ato Unificado do 20 de novembro DF irá reunir movimentos, coletivos, lideranças religiosas e culturais em torno de um mesmo propósito: celebrar a resistência negra e denunciar as desigualdades raciais que persistem no país. 

Como o dia 20 de novembro é feriado com transporte público gratuito no DF, a expectativa é de ampla participação popular, destacou os organizadores do MNU. O evento acontecerá no dia 20 de novembro, das 12h às 19h, na Casa da Democracia (Ed. Ceará, Setor Comercial Sul, Praça da Saída da Galeria dos Estados), com o público-alvo voltado ao povo negro e aos movimentos populares.

 

 

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